O supercarro 100% brasileiro que nunca entrou em produção
Você já conhece o Rossin-Bertin Vorax?
Imagine um supercarro capaz de disputar espaço com as maiores máquinas do mundo — um veículo de luxo, performance e design de ponta, inteiramente projetado e desenvolvido no Brasil.
Parece um sonho ousado demais? Pois essa foi exatamente a proposta do Rossin-Bertin Vorax, um nome que talvez soe estranho para muitos, mas que guarda em si uma das histórias mais intrigantes da indústria automotiva nacional.
No início da década de 2010, enquanto o mercado automobilístico brasileiro ainda engatinhava no segmento de carros de alto desempenho, dois visionários decidiram desafiar o impossível: criar um superesportivo brasileiro capaz de bater de frente com marcas como Ferrari, Lamborghini e Porsche.
O resultado? Um carro com fibra de carbono, motor V10 e promessas de velocidade incríveis… mas que nunca chegou às ruas.
O que aconteceu? Por que um projeto tão promissor acabou virando apenas lenda? A seguir, mergulhe nos bastidores desse plano ambicioso e descubra por que o Rossin-Bertin Vorax ainda desperta tanta curiosidade nos entusiastas.
Nascimento da Rossin-Bertin e do Vorax

Rossin-Bertin Vorax Convertible / Fonte: Rossin-Bertin
O Rossin-Bertin Vorax surgiu como um projeto audacioso da Rossin-Bertin, uma marca de automóveis criada pelo empresário Natalino Bertin – fundador da antiga Platinuss – e o designer automotivo Fharys Rossin (que participou do design do Chevrolet Camaro SS 2010-2013). Daí surgiu a junção dos sobrenomes de ambos.
A ideia era clara: desenvolver um supercarro brasileiro que pudesse rivalizar com os gigantes europeus em termos de design, tecnologia e performance.
A empresa tinha sede em São Caetano do Sul, São Paulo, e todo o maquinário necessário para a fabricação das 40 unidades que tinham sido encomendadas/vendidas nos três meses seguintes após o Salão do Automóvel de 2010 que o Rossin-Bertin Vorax foi apresentado, e a previsão de entrega das suas primeiras unidades entregues seria em 2012, segundo os patrocinadores.
Seria fabricado cerca de cinco unidades mensais do carro nas instalações industriais que seriam construídas em Blumenau-SC com o apoio da prefeitura local.
Design e Engenharia

Rossin-Bertin Vorax / Fonte: Rossin-Bertin
Fusão entre elegância e agressividade. O Rossin-Bertin Vorax apresentava linhas fluidas e aerodinâmicas que não apenas capturavam a atenção, mas também contribuíam para a performance do carro.
A carroceria foi construída toda em fibra de carbono, um material que só as grandes montadoras usavam – ou seja, o Brasil estava entrando à nível em briga de gente grande pronto. Além disso, o chassi era feito em alumínio e peças fundidas desenvolvidas em conjunto com a Alcan (empresa canadense de alumínio).
O Rossin-Bertin Vorax também continha caixa sequencial de sete marchas, uma suspensão totalmente independente com duplo A, direção eletro-hidráulica e os freios cerâmicos ventilados a disco nas quatro rodas com ABS e ESP.
Essa escolha de material mostrava o compromisso da Rossin-Bertin em criar um veículo que não apenas parecesse rápido, mas que realmente entregasse muita velocidade nas pistas.
Já no interior, o Vorax prometia luxo e tecnologia de ponta. Os planos incluíam acabamentos premium (alcântara e couro) e um painel digital, algo que estava começando a se tornar tendência na época.
Esses detalhes internos tinham o objetivo de proporcionar uma experiência de condução que fosse tão confortável quanto emocionante.
O Coração do Vorax

Interior do Rossin-Bertin Vorax / Fonte: Rossin-Bertin
Debaixo do capô, os órgãos do Rossin-Bertin Vorax eram alimentados por um motor V10 de 5.0 litros da BMW, uma escolha que destacava a ambição de colocar o carro no mesmo nível que carros que já tinham sua posição vem firmada no mercado.
Quantos pocotós? Com mais de 500 cavalos de potência, o Vorax prometia uma experiência de condução além do que o mercado proporcionava, com aceleração de 0 a 100km/h em menos de 3,8 segundos e uma velocidade máxima que poderia ultrapassar os 330km/h.
Essas especificações colocavam o Vorax na mesma categoria de super carros como Ferrari e Lamborghini, o que era um marco para um projeto brasileiro. Além disso, na época se especulou em uma versão Biturbo (mesmo motor) e 750cv do Vorax, com motor dianteiro/tração traseira, mas não saiu do papel…
Desafios e Obstáculos da Rossin-Bertin

Protótipo abandonado do Rossin-Bertin Vorax / Fonte: @kagaro.nomuro
Apesar do entusiasmo no começo, criar um carro quase do zero é bem difícil. O projeto do Vorax enfrentou inúmeros desafios que logo levaram ao seu esquecimento. A produção do carro acabou esbarrando com dificuldades financeiras e logísticas…
Sem contar que o mercado brasileiro, na época, não estava preparado para absorver um supercarro de alto custo – comparado com uma Ferrari da época que entregasse a mesma performance, o Rossin-Bertin Vorax custaria bem menos (cerca de R$750 mil), mas ainda assim o mercado brasileiro não estava maduro suficiente para isso –, e a falta de investidores interessados em bancar a produção em massa foram os principais obstáculos enfrentados pela Rossin-Bertin.
Além disso, a crise econômica global que se desenrolava naquele período também teve um impacto negativo, restringindo o acesso a crédito e investimentos necessários para que o projeto tivesse continuidade.
Apenas 3 protótipos do Vorax foram produzidos:
- Funcional: Uma se encontra na coleção privada de Natalino Bertin (sendo essa a única unidade funcional), que inicialmente era branco e foi repintada de cinza (fotos).
- Conversível: Outra unidade (vermelho), a versão conversível, teve os últimos registros encontrados na garagem de uma casa na cidade de Ascurra, em Santa Catarina, em estado de abandono – no começo estava abandonado no relento, mas agora está debaixo de um teto (foto).
- O primeiro: E a terceira unidade (cinza escovado), o primeiro protótipo, também está abandonada, de acordo com os últimos registros feitos está em algum lugar de Santa Catarina – talvez na mesma casa que o protótipo vermelho se encontra.
O Legado do Rossin-Bertin Vorax

Rossin-Bertin Vorax em Balneário Camboriú / Fonte: Quatro Rodas
Depois da apresentação do carro no Salão do Automóvel, as duas unidades protótipos entraram para a fase de testes e ver quais acertos mecânicos e alterações precisariam ser feitas (de acordo com a legislação de trânsito).
O projeto tinha o objetivo de vender 300 unidades ao ano, mas nesse período a Platinuss fechou suas portas, uma peça importante para que as vendas e fama do Vorax aumentassem.
Embora o Vorax não tenha alcançado o sucesso comercial esperado, ele deixou um legado importante para o mundo automotivo brasileiro, representando um marco importante de inovação e ambição, além de demonstrar que é possível desenvolver carros e supercarros no Brasil.
Esse projeto inspirou uma nova geração de engenheiros e designers automotivos, que continuam explorando novas possibilidades dentro do mercado nacional e internacional – alguns carros hoje em dia já estão em andamento, como o projeto de Track Day 100% nacional, o Duo Exo, e o SV Unico, um modelo monoposto.
O Rossin-Bertin Vorax também serviu como um lembrete da importância de um planejamento financeiro robusto e da necessidade de um mercado de suporte para produtos de nicho como supercarros. Ele destacou a importância de alianças estratégicas e parcerias internacionais para superar desafios locais e alcançar um público global mais amplo.
O Sonho continua Vivo?

Dianteira do Rossin-Bertin Vorax / Fonte: Rossin-Bertin
O Vorax permanece como uma lenda entre os entusiastas de carros e colecionadores (exceto a geração TikTok), um símbolo do que poderia ter sido uma história de sucesso no mundo dos supercarros.
Enquanto o Vorax não conseguiu estabelecer uma indústria de supercarros no Brasil, ele plantou a semente da possibilidade. Seu legado continua inspirando aqueles que sonham em ver o Brasil se tornar destaque no cenário automotivo global, alimentando a imaginação de empreendedores que desejam realizar o potencial inexplorado do setor automotivo brasileiro.
Apesar do seu breve momento nos holofotes, o Rossin-Bertin Vorax deixou sua marca na história automotiva do Brasil.

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