Platinuss, a loja que Revolucionou o Mercado Automotivo no Brasil
Se você é apaixonado por carros e viveu os anos 2000, talvez se lembre com carinho — ou pelo menos com curiosidade — de uma loja que parecia ser de um país de primeiro mundo.
A Platinuss não era apenas uma loja de carros de luxo. Ela era um sonho que ganhou forma, vidro e motores. Em um tempo em que o Brasil ainda engatinhava no mundo dos superesportivos, a Platinuss foi além: trouxe marcas quase inacreditáveis, como Pagani, Koenigsegg e Lotus, colocou os carros mais raros no showroom e fez tudo com uma elegância fora do comum.
Mais do que vender, a Platinuss encantava os entusiastas e clientes. E mesmo depois do seu fechamento, a Platinuss continua viva na memória de quem viveu aquele período, onde era possível ver um Zonda F de perto, em solo brasileiro.
Ficou curioso(a) para saber como essa loja conseguiu reunir tantos carros raros e exclusivos em um só lugar e escreveu seu próprio capítulo no mundo automotivo brasileiro?
Continue lendo e descubra todos os detalhes da trajetória da Platinuss no mercado de supercarros e hypercars em solo nacional.
A Origem da Platinuss

Calçada da Platinuss / Fonte: Exclusivos No Brasil
A Platinuss foi uma loja icônica de carros de luxo no Brasil, e sua história começou de maneira fascinante.
Antes da existência da Lamborghini São Paulo, existia a Lamborghini Brasil que tinha alguns carros bem diferentes que ficavam expostos (Jaguar XJ220, Bugatti EB110, Ferrari Stradale, Vantage V600 entre outros), mais precisamente na First Import, loja que ficava nos arredores da Avenida Europa, São Paulo.
Mas, de quem eram esses carros? O fundador da Platinuss, Natalino Bertin Junior, um entusiasta apaixonado, arrematou parte da coleção de carros do famoso empresário da época, Alcides Diniz, que após seu falecimento, seus veículos ficaram expostos ao público antes de serem leiloados.
Bertin comprou inúmeros carros para uma suposta loja de veículos premium, que teria carros nunca antes vistos no Brasil como por exemplo, modelos da Pagani. A compra dessa coleção foi um dos pontos de partida para a Platinuss existir.
De repente, em 2005, começou a construção de uma loja toda diferente, com um design mais moderno para a época. Mas, só em 2007 – ainda sem a abertura oficial da loja – apareceu a logomarca na fachada, com letreiros de marcas de carros (Lamborghini e Pagani), mas, até então ninguém sabia a dimensão e o impacto que a Platinuss teria no mercado automotivo brasileiro.
Após a loja pronta, começaram a chegar os primeiros carros no showroom. O dono da Platinuss comprou Lamborghinis apreendidas no Salão do Automóvel de 2006, pagando todos os impostos necessários e fazendo o regulamento de cada modelo (Gallardo Spyder, Gallardo SE, Gallardo Superleggera e Murciélago).
Inauguração da Loja

Pagani Zonda F Clubsport / Fonte: Exclusivos No Brasil
A inauguração da Platinuss aconteceu em grande estilo, no dia 29 de Abril de 2008, com uma espécie de jantar de gala no Rosa Rosarum, São Paulo-SP, com a apresentação do inusitado Pagani Zonda F Clubsport na cor Giallo Ginevra (amarelo), junto com os demais acessórios que vinham com o carro (malas, miniatura, relógio etc).
Além da atração principal que era a apresentação da loja e o Zonda F, o fundador da marca italiana, Horácio Pagani, estava no Brasil para apresentar sua própria obra de arte ao público brasileiro (possíveis futuros clientes).
Representante Oficial de Marcas Renomadas

Showroom da Platinuss / Fonte: Exclusivos No Brasil
A Platinuss também era representante oficial Lotus, Pagani, Koenigsegg e Spyker, e mesmo não sendo representante Lamborghini, vendia mais do qualquer outra loja no país. Além disso, a Platinuss até os dias atuais foi a única loja a ser representante oficial de marcas de carros estrangeiras, exceto concessionárias.
Com o sucesso da inauguração, vieram as primeiras importações das marcas que a loja tinha concessão, incluindo quatro Lotus Exige em cores bem chamativas e um Lamborghini Murciélago 2007 branco (fotos).
Uma das coisas mais impressionantes da loja que mudou o mercado era que, ao invés de fazer como muitas lojas fazem atualmente (importarem carros de alto valor já vendidos), a Platinuss comprava os carros como estoque próprio, bancava todos os custos e deixava todos disponíveis.
Tome como base os preços do mercado exterior e pense que teve 3 unidades do Pagani Zonda juntos disponíveis para venda no Brasil – algo inimaginável para a época e principalmente nos dias atuais…
Carros que já Passaram pela Platinuss:
- 4x Lamborghini Gallardo Superleggera 2008, versão europeia (laranja, cinza, preta & amarela)
- Lamborghini Murciélago Roadster preta
- Lamborghini Murciélago laranja
- Lamborghini Murciélago SV preta
- Mercedes-Benz SLR McLaren Roadster preta
- 2x Dodge Viper SRT 10 2009 (branco com preto & vermelho com preto)
- Ford Mustang Shelby GT500 2009 preto
- Chevrolet Camaro SS 2011/2012 (amarelo & cinza)
- Porsche Carrera GT prata
- Porsche 911 GT2 RS (997) Club Sport branco com preto
- Ferrari 599 GTO cinza (primeira do país)
- 4x Lamborghini Gallardo LP 570
- 1º Ferrari Califórnia do país na cor vermelha (que foi vendida no mesmo dia)
- 12x Lotus Elise e Exige
Por que a Platinuss não era Representante Oficial da Lamborghini?

Calçada da Platinuss / Fonte: Exclusivos No Brasil
Por mais que a Platinuss vendesse muitos exemplares da Lamborghini e até tinham o projeto pronto de serem revendedores oficiais (design das concessionárias Lamborghini, iluminação igual, testes de gasolina concluídos, entre outros fatores em andamento), a Via Itália foi quem levou o título de representante oficial.
Mas, mesmo com esse empecilho, a Platinuss continuou importando mais Lamborghini da Europa de forma independente, vendendo por preços abaixo do que a Via Itália comercializava (de R$1.6 milhões por R$1.3 milhões), e dando 2 anos de garantia, assumindo todo e qualquer problema que o veículo desse, em meados de 2009 e 2010.
Salão do Automóvel de 2010 e Koenigsegg “feito para o Brasil”

Koenigsegg CCXR E100 Platinuss Special / Fonte: No Transito
A Platinuss foi crescendo e tornando-se cada vez mais conhecida dentro do Brasil pelo estilo contemporâneo do showroom, pelos carros extremamente exclusivos que eram importados, o que gerou a oportunidade de ter um estande próprio no salão do Automóvel de 2010.
E esse foi um dos salões mais emblemáticos do país porque, além do estande da Platinuss, tinha uma unidade do Bugatti Veyron e muitos outros super carros expostos, mostrando como o mundo tinha olhos para o Brasil quando o assunto é hypercars.
No estande da Platinuss havia o Koenigsegg CCXR E100 Platinuss Special que foi configurado por Bertin (fundador e proprietário da loja), Leone Andreta e Renato Viani (vendedores da Platinuss) e outros supercarros como o Pagani Zonda R e Spyker C8 Aileron, sendo o estande mais atrativo do Salão daquele ano.
O CCXR originalmente é 85% a álcool e 15% a gasolina, gerando 1.018cv, mas, o Platinuss Special era diferente. Em uma conversa com Christian Von Koenigsegg, Natalino Bertin disse que se o carro fosse 100% etanol, seria possível extrair mais potência (de 1.018cv para 1.100cv).
E por mais inacreditável que pareça, essa mudança deu certo. Uma amostra do combustível brasileiro foi levado para a fábrica da Koenigsegg para ser testado, se tornando um marco histórico no cenário automotivo nacional entre um brasileiro e o fundador da marca sueca.
Com isso, o carro se tornou uma versão especial e única do CCXR, mostrando o desenvolvimento tecnológico da época a todos que visitaram o Salão do Automóvel de 2010, e posteriormente o mesmo carro ficou exposto no Salão do Automóvel de Genebra (2011).
Por que e Quando a Platinuss fechou?

Calçada da Platinuss / Fonte: Exclusivos No Brasil
Um dos motivos foi a Platinuss não ter conseguido a concessão para representar a Lamborghini no Brasil, sendo os modelos da marca o “carro chefe” da empresa. Mas, ainda continuaram importando mais unidades Lamborghinis.
Porém, logo em seguida veio o aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados para produtos nacionais ou importados), o que atrapalhou importar qualquer carro e ter uma margem de lucro significativa para bancar todos os custos de importação, os custos da empresa e ainda obter lucro.
Além disso, o mercado automotivo brasileiro não estava maduro o suficiente, porque os carros das marcas que a Platinuss representava venderam pouquíssimas unidades.
Mesmo depois da loja ter fechado as portas, em agosto de 2011 – antes que o negócio entrasse em falência –, ainda restaram carros à venda, e a equipe de vendas ainda trabalhou por mais um tempo para vender todos os carros.
Com isso, abaixo está os destinos dos carros restantes:
- Koenigsegg CCXR E100 Platinuss Special laranja voltou para a fábrica (Suécia).
- Spyker C8 Spyder preto foi para os EUA.
- Spyker C8 Aileron branco (modelo de pré-produção) voltou para a fábrica na Europa.
- Spyker C8 Laviolette cinza foi vendido para São Paulo e hoje encontra-se em uma coleção particular, em Fortaleza.
- Pagani Zonda R em fibra de carbono exposta voltou para a fábrica (Itália).
- Pagani Zonda F Roadster Clubsport em fibra de carbono exposta foi para Londres, onde ficou um ano e meio à venda e depois foi vendido para Paris. Atualmente encontra-se nos EUA.
- Pagani Zonda F Clubsport na cor Giallo Ginevra ficou 5 anos no Brasil e foi para Londres.
Sem dúvidas, os carros mais exóticos da época foram a Platinuss que importou, ou passaram pela loja.

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